Foi por ti que decidi: "vou ser mais!"
(Pouco tempo depois, segundo minha mãe...)
Vou roubar do cego que mendiga na esquina;
Vou desfazer o laço do vestido da pequena;
Vou insultar a minha mãe que da porta me acena:
Ser livre, ser eu, "horrivel e mesquinha".
(Segundo meu pai...)
Vou manter-me na vida de maneira aguda e astuta;
Vou subir a saia a um homem que passar;
Vou deitar-me com ele: gritar, fingir, cobrar!
Ser livre, ser eu, "imunda e prostituta".
«Nódoas negras no meu corpo. E tudo porque nos amámos à frente de todos os olhares curiosos. Ninguém compreendeu porque o fizemos... mas não me arrependo.»
Medos incutidos: agora diminutos, pequenos.
Para trás ficam receios de um passado mais que distante.
Entre a pausa do café e o próximo viajante,
Relembro o dia em que decidi nunca mais ser menos.
«Faço-o agora com todos os homens com que me cruzo, na esperança de te reencontrar no fundo dos olhos de um deles. Fecho os meus e finjo que estás comigo. Sou feliz no instante em que te sinto de novo dentro de mim.»
Tornei-me mais.
Tornei-me tua.
Valeu a pena tornar-me de ninguém.
(9 de Janeiro de 05)
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