terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Vou tirar uns dias. Pôr algumas ideias em ordem... Ando esquisita e tenho de me organizar, "encaixotar" e pôr de lado certas coisas.



sábado, 26 de janeiro de 2008

Because some days I just don't know...



...don't know who I am, who to be; don't know what I need or who to need; don't know what to say, how to speak. Because some days I'm just...
Voiceless.




quinta-feira, 24 de janeiro de 2008

Sem título

Coragem?...Covardia?...

Desespero.

É olhar para baixo de um décimo andar.

É ver um sinal de trânsito sempre aberto.

É sentir o chão que constantemente dança.

É silenciosamente gritar no íntimo dos sentidos.

«A efervescência da vida…»

É passar 96 horas em branco.

É não comer para que o estômago se contorça.

É mastigar a língua para que não haja verdade.

É não chorar para que os olhos não ardam.

«Há que se assistir à própria Morte. Ser-se lúcido e consciente.»

É uma tontura ao levantar de um banco de jardim.

É perseguir pombos numa praça.

É queimar os lábios num filtro de cigarro.

É dormir de olhos abertos.

«O sono que surge de parte incerta…”do nada, nada pode nascer”…»

É uma corda que não quebra.

É um mocho podre de um avô morto.

É saber que as estrelas morrem.

É uma madrugada perfeita em que fechamos os olhos.

«E finalmente adormecemos.»

Coragem?...Covardia?

Coragem.

terça-feira, 22 de janeiro de 2008

Ainda me lembro quando passávamos horas a fio, sentadas no cimento frio, e olhávamos os velhos que se arrastavam pelo jardim. Não trocávamos palavras. Nunca precisámos de palavras, tu e eu.

Lembras-te daquele dia em que choveram flores? Amontoavam-se no chão e formavam um círculo à nossa volta, enquanto eu olhava, incrédula, o músico que chorava sozinho. Não me lembro de choverem flores: lembro-me de ti e do músico, mas não vi flores. E nunca via flores, por isso tu sempre as viste por mim e me contaste como eram pequeninas e impregnavam os meus cabelos de um aroma que nunca mais voltaria a existir.

Nas tardes em que te vi, ao longe, caminhares apressada na minha direcção, soube que podia amar-te sem querer tocar o teu corpo. Nunca quis beijar a tua boca, mas fiz amor com a tua alma, com a tua mente, com as tuas lembranças. Nunca precisámos de palavras, tu e eu. Nunca precisámos de nada a não ser de todos aqueles estranhos com quem nos cruzávamos no meio do verde, e que nos contavam histórias com os seus olhos tristes, com as suas rugas de expressão e com os seus guinchos e risos de juventude efémera. Chorei com os seus olhos, sorri com os seus lábios e amei-te com os seus corações. Fomos aquelas pessoas, nos fins de dia gelados em que apertávamos as mãos e sonhávamos com vidas que não eram as nossas. Até a tua vida foi minha: quando te via deslizar pelos corredores da escola, imaginava como serias sentada no fundo da sala, de olhos atentos e coração apertado, enquanto o professor recitava os poemas que faziam de ti aquela pessoa que sentia o mundo com a ponta da língua, tomando-lhe o gosto, temperando-o com lágrimas.

Agora que volto ao nosso sitio, depois de anos de normalidade, pergunto-me se te sentarias comigo se estivesses aqui. Se te visse ao longe, apressada, ainda deixarias que te amasse? Serias a mesma? És a mesma, agora, nesse lugar onde estás?

Sento-me e olho em volta. Risos de crianças, pés arrastados dos velhos e estranhos que me olham de soslaio e aceleram o passo – nada mudou. Ainda são os mesmos, ainda que outros. Penso em ti, em mim e em mim sem ti. Sou a mesma e não vejo flores. Porque te menti naquele dia, odeio-me: também eu senti o perfume que não existiu nunca mais. Odeio-me porque sei que se te tivesse dito que era por ti que os meus sentidos absorviam o mundo, talvez tivesses ficado. Talvez te tivesses demorado um pouco mais, por mim. Ou talvez, pura e simplesmente, me tivesses deixado as flores.

21-01-08

segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Suicídio

Agora que a luz se apaga, fecho, determinada, os olhos.
Agora que o fim chega, já não há mais lugar para a esperança.
O cheiro do mundo permanece, intenso, entre os meus sonhos…
Eu protesto, já sem vida, contra o ácido da lembrança.


«Sempre pensei que iria ser diferente …O sofrimento não fazia parte dos meus planos.»


Eu, que banhada, um dia, em puro ouro de ilusões,
Escondo, agora, a cara entre vultos escuros e turbulentos;
Apago da memória todos os olhares e recordações…
E caminho entre sombras afiadas e rostos desatentos.


«Uma luz no fundo do túnel? …Nem sempre.»


Fraca, por não tentar, deixo-me cair na terra espessa.
Ofuscada, de olhos abertos, por brilhos de origem perigosa.
O abismo, ao longe, aproxima-se mais depressa…
Uma desilusão, uma queda, uma morte vertiginosa.


«Não estou a ser sincera…na verdade nunca pensei que iria ser feliz…»



O silêncio que ensurdecia agora é-me necessário.
A luz que cegava traz-me o espírito absorto.
Aqui, debaixo da terra, tudo é mais simples e mais claro.
Hoje, debaixo da terra, a vida é melhor por se estar morto…


«…de livre vontade. Sempre soube que acabaria assim.»

sábado, 19 de janeiro de 2008

Tropeço em ti vezes sem conta: fazes-me perder o equilíbrio. Acredito, por segundos, que me vais fazer cair. Que me vais deitar por terra. E quase me vejo no chão…

Mas não caio; e recupero o meu balanço; e sigo caminho.

E amanhã, quando te vejo, contorno-te. Grito-te com os meus olhos que a mim ninguém me rouba o chão dos pés. Nem mesmo a pessoa que vira o meu mundo do avesso.

O que acontece quando um dia acordamos e descobrimos que não existimos? Sim: não existimos. Não existimos enquanto a pessoa que julgámos ser, por isso, pura e simplesmente, não existimos. Que não fomos aquela criança fechada, sensível, problemática; não fomos aquele adolescente rebelde, não conformista, sempre no limite da vida; não fomos aquele adulto ponderado, calmo, prudente: fomos pessoas assim, mas não aquela em particular. Não aquele individuo que olhámos todos os dias no espelho, pela manhã, e nos confortou por nos ser familiar. O que acontece quando quem nos olha de volta não é alguém que conhecemos? Podemos confiar nele? Podemos tomar conforto num estranho?

Dir-me-ão que a idade passa e as pessoas crescem, mudam, vivem os dias de maneira diferente e, por isso, existem de maneira diferente a cada dia que passa.

“Hoje sei que sou eu e não aquele que fui ontem, porque hoje sou assim. Eu sou eu, e não o outro.”
E se não soubermos que não somos o outro porque nunca soubemos quem o outro foi? Mais ainda, e se não soubermos quem somos hoje? E se nunca viermos a saber?
E se um dia me encontrar perdida algures por esse mundo fora e um desconhecido me perguntar quem sou eu?

“Quem és tu?”

Posso dizer o meu nome, de onde sou, quem são os meus pais… mas quanto é que isso diz de mim se quem me criou não me conhece e o meu nome já o era antes de eu ser? Posso dizer o que estudei, onde trabalhei, a quem amei… Mas podem eles dizer quem sou? Se não existo, como puderam eles amar-me? Não se ama o nada. Não se ama o vazio. Não se amam pessoas, amam-se ideias. Ama-se a ideia que se faz de alguém que também não existe.
Talvez o estranho saiba a ideia que o mundo faz de mim, mas a pergunta permanece.

“Quem és tu?”

O que acontece quando um dia acordamos e descobrimos que não existimos? Que somos uma vaga ideia, um amontoado de opiniões. Podemos viver com o facto de não haver uma verdade a ser descoberta? Podemos viver como estranhos e com estranhos para sempre? Podemos existir, não existindo?

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Sem título

O Cansaço.

Um pedido de ajuda encoberto por palavras feias.

As corridas infindáveis por trilhas de terra batida.

As raivas gritadas escondendo medos de criança.

Um não-te-preocupes sem sinais de verdade.

«Água salgada por detrás de olhos cansados.»

As Lágrimas.

Que não caem, que não respiram, que encrostam.

Melancolias perdidas entre multidões de semelhantes.

Tecidos tingidos pelo vermelho que dói no meu corpo.

Mágoas desnecessárias.

«"Suicidar-se aos poucos é viver subitamente a morte todos os dias."»

O Tempo.

Que não cura de todo. Que não cicatriza nada. Que é surreal.

Os sonhos que adormecem a alma dormente.

A vontade de nunca mais acordar quando a manhã é anormalmente fria.

A distância entre eu e mim.

«Em que é me tornei?»

O Arrependimento.

A vontade de dizer que não se gosta de quem se é.

O impulso de insultar falsamente um desconhecido.

A necessidade humana que se confunde com fraqueza.

A verdade que teima em ser escondida.

«Já não quero ser sozinha. Ajudas-me?»

Não.

terça-feira, 15 de janeiro de 2008

Entre quatro paredes

Estou bem porque acabou.

O fim para todas as coisas com que decoramos aquele quarto: o espelho em que via sombras, as flores que sentia muribundas, os borrões que se figiam quadros.

Até os nossos pequeninos se foram. Já não suportava aqueles choros aflitivos e as discussões por brinquedos que desejei nunca lhes ter dado. Eles não valiam o dinheiro: inúteis máquinas de gritos estridentes, sonhos ridiculos, infantilidades patéticas. Sim, crianças.

Não gosto de crianças. Não das que nascem de dentro de mim para te roubarem para dentro delas.

E tu? Serviste apenas para satisfação de uma curiosidade pessoal; confirmaste uma suspeita: não vales nada. Nao vales o tempo, o amor, o afecto, o sacrificio.

Ainda bem que paraste de respirar. É dificil faze-lo entre nuvens de fumo não é?

«Demasiado espessas para ti e para elas. Mas especialmente para mim.»

Gostava de te ter espancado.

Não me tomes por doida, estou lúcida desde aquelas noites em que me forçaste contra a cama, mesmo quando perdia os sentidos de tanta violência construida em silêncio. Habituei-me e aprendi a amar-te daquela maneira tortuosa.

Mas gostava de te fazer perder os sentidos também.

Gostava que sangrasses por mim.

«Mas não o fizeste. Tive que faze-lo por ti.»

Não tive culpa, sabes? Aguentei durante muito tempo ainda... mas naquela tarde tudo pareceu demasiado denso dentro da minha garganta. Tive que gritar. Tive que tossir. Tive que fechá-los onde não os pudesse ouvir.

Brinquedos estúpidos. Crianças dementes.

«Mortas na minha cabeça.»

Uma chama inrrompe de um fósforo ligeiramente húmido acendido por uma mão que não treme. “Já não há tempo para indecisões de merda.”

Uma chama que cresce, que se multiplica.

Gritos cortantes uma última vez de dentro das quatro paredes.

Uma chave que roda na fechadura. Passos de corrida até á porta do quarto. Consegues salva-los?

«Claro que não.»

O fim para todas as coisas que vivemos naquele quarto. Para o espelho, para as flores, para os quadros. Até mesmo para os pequeninos. Tudo arde para ti agora.

Podias ter sangrado por mim.

Podias ter morrido por nós.

«Pobre de ti que escolheste morrer por elas.»

segunda-feira, 14 de janeiro de 2008

Sem título



Old chair, carved desk.
Pencil.

Can you draw me a life of my own?
A little one...I wish to die young.
But still, a few years would be enough..as long as they were filled with dirt and furious men shouting to me how distorted my vision becomes each time i decide to put rush into my veins and become lighter than air...brighter than light...more beautiful than you could ever be. Drugs they say, i re-named it freedom. I called them to me and to me they come as i gently press the needle against my arm that by this time should be dumb with overwhoelming feeling of ecstasy.I wanna die young and although it hurts me to know you hate my whole existance i feel no guilt for I am master of my destiny and my only flaw is not knowing how to draw.

Can you draw yourself a life of your own?
A dangerous one, for you are too scared all the time.
A few years would be enough...as long as they were filled with decisions to make and paths to choose and people standing in the way because you always had it too easy, never done anything to get it through your own skils and always bragged about the things you thought you had reached, but didn't. Not quite. I'm tired. And I'm a little sick. And to be honest right now, yes because i decided to be honest with you since the day you took that mirror off the wall and threw the damn thing at me screaming words of violence and friendly hate, i hate you almost as i hate not being able to cut myself when people are staring .But one thing i have to say: You can draw.

I can write.
I wrote my own life.
A few years were enough, for they were filled with tears and grief and theories where i described how i felt about you and your god damn mirror and how you should die.It's broken now, you see? And there's nothing you can do 'cause what are we anyways? But pieces over a shitty and sick little chess board floating over troubled waters? I can swim...But i can't play chess. Can you do any of those things? You can draw but you can't live life, so what's the point in having a body , pretending to breathe and faking all those feelings you say that are real and hurt people 'cause they're not,just like you hurt me with shattered glass.


I wrote my own life in my body.
A little life, a dangerous one.
For now i see that you were the one thing not worth to die for. You took me and my willing to try just a little bit harder than the day before and turned it into water. Tears... God! I could grab that black pencil of yours and stick it right into your stomach just so you could feel what i felt when you took my freedom away. i was about to rape death then and become another thing you thought you had reached, but didn't. Not quite. So i decided i needed to breathe in another way besides being free, wich i wasn't at the time thanks to you, so i grabbed, not a pencil, a piece of your mirror, among all the others that i kept to myself, and pressed it against my arm, like the needle i used to sing to. Rush again. Ecstasy. I'm falling apart and I regret nothing, not one little thing i ever did to myself for i feel trully alive now and i'm going to die for it. Dying young feels right. I just wish you weren't that small person that you are, fearing all things the whole time, wish you would have taken the time to
try this amazing thing i dared to try and is leading me to eternal peacefulness.

But it's not too late, you can still die with me if you wish for it hard enough. You can't write but i can teach you.

I'll hurt you.

"Your very flesh shall be a great poem."

domingo, 13 de janeiro de 2008

Take only memories, leave nothing but footprints


Um dia largo tudo e vou por esse mundo fora. Morro feliz e completa se puder dizer que vi tudo o que havia para ver, que conheci as pessoas mais estranhas e que morrer é a única coisa que me falta fazer. Um dia ... juro que um dia largo tudo e corro o mundo, de chinelo de dedo e mochila às costas, com as calças de ganga rasgadas de tanto uso e com a t-shirt mais velha que tenho. Ah...

quinta-feira, 10 de janeiro de 2008

What makes the desert beautiful is that somewhere it hides a well




All men dream but not equally. Those who dream by night in the dusty recesses of their minds wake in the day to find that it was vanity; but the dreamers of the day are dangerous men, for they may act their dream with open eyes to make it possible.


T.E. Lawrence