Diz-me, velho que choras, porque choras?
Por vidas que podiam ter sido a tua, se tivesses ousado?
Por destinos exóticos que podiam ser o teu, se tivesses partido?
Por dias que podias ter agarrado, mas desperdiçaste?
Diz-me, alma penada, por quem choras?
Por amores que podiam ser os teus, se tivesses amado?
Por estranhos que podiam ser teus filhos, se não os abandonasses?
Por fantasmas que não te assombrariam, se não tivesses nascido?
Porque, não partido, ousaste seguir um destino único que é só teu, sossega o coração;
Porque em todos os dias que não agarraste, amaste os filhos que traíste, enxuga as lágrimas;
E porque se nunca existisses partindo, não amando, não traindo, serias tu mesmo o espectro de um sonâmbulo, vangloria-te.
Viveste.
Sentiste.
Estiveste aqui.
E por um curto espaço de tempo, o mundo foi teu.
Por isso não chores, responsabiliza-te;
E respira fundo:
É apenas tempo de voltares a ser do mundo.
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