Risco um fósforo no escuro de mim mesma – incendeio a Razão.
Pego fogo a tudo o que fez sentido nos recantos mais lúgubres do meu cérebro e empurro, com o som do mundo, as minhas lembranças mais remotas.
Elevo-me.
“Mas levo-te no meu sangue.”
Danço na rua, levanto voo – rodopio nos desejos que grito para longe.
Faço amor comigo mesma pelas ruas da Cidade que se esvai em fumaça e que se revolta contra o que eu quero.
Sou chama que arde no vácuo.
“Tu fervilhas nas minhas veias.”
Assobia contra as nuvens – eclipsa o Sol com a sua mão.
Brilha sozinha pelos dois e faz-se constelação.
E de todos os que lhe fogem, embalados pela escuridão,
Fá-los seus prisioneiros, entorpecidos pela mansidão...
"... da minha voz;Que é a tua voz."
Réstias de esperança – uma Noite que não acaba nunca.
Farrapos de uma memória que palpita no meu peito e que entoa um hino de melancolia na boca da Humanidade.
Condeno-vos a sibilar a tristeza.
Chora, sem lágrimas, um sentimento irreal.
Grita, enraivecida, com uivos de animal.
A Eternidade compadece-se com o sofrimento divinal:
E apaga o Fogo que consome o Deus que ousou amar o Mortal.
E que foi traído.
1 comentário:
Gosto imenso do "e que foi traído"... um verdadeiro BIOAZAR!!!! o Deus é um Biocida!!!
Enviar um comentário