domingo, 9 de março de 2008




Risco um fósforo no escuro de mim mesma – incendeio a Razão.

Pego fogo a tudo o que fez sentido nos recantos mais lúgubres do meu cérebro e empurro, com o som do mundo, as minhas lembranças mais remotas.

Elevo-me.

“Mas levo-te no meu sangue.”

Danço na rua, levanto voo – rodopio nos desejos que grito para longe.

Faço amor comigo mesma pelas ruas da Cidade que se esvai em fumaça e que se revolta contra o que eu quero.

Sou chama que arde no vácuo.



“Tu fervilhas nas minhas veias.”


Assobia contra as nuvens – eclipsa o Sol com a sua mão.

Brilha sozinha pelos dois e faz-se constelação.

E de todos os que lhe fogem, embalados pela escuridão,

Fá-los seus prisioneiros, entorpecidos pela mansidão...


"... da minha voz;

Que é a tua voz."



Réstias de esperança – uma Noite que não acaba nunca.

Farrapos de uma memória que palpita no meu peito e que entoa um hino de melancolia na boca da Humanidade.

Condeno-vos a sibilar a tristeza.


Chora, sem lágrimas, um sentimento irreal.

Grita, enraivecida, com uivos de animal.

A Eternidade compadece-se com o sofrimento divinal:

E apaga o Fogo que consome o Deus que ousou amar o Mortal.


E que foi traído.



1 comentário:

Marta Gião Carneiro disse...

Gosto imenso do "e que foi traído"... um verdadeiro BIOAZAR!!!! o Deus é um Biocida!!!