quinta-feira, 13 de março de 2008

Fuga de viver


Extraviadas cabeças de conquistas distintas

Podres os Homens a pão e nada.

Escravizados ao desencanto,

Exímios na arte da lida cansada.

 

Inaugura há pouco o alvorecer,

E já enfadados, os corpos arrastam trabalho rude...

O sol vai encorajando a fraqueza do ofício,

Aos pálidos rostos isentos de vontade e atitude.

 

Intransigente costume, a que nós, povo resignado,

Contemplamos cada dia pela força do hábito,

Pela demanda silenciosa da indisciplina oprimida

De quem tudo perde por tudo querer.

 

Mas que original culto obriga o ganha-pão?

Distante de porquês aborrecidos e de respostas fatigantes,

Vão sendo Homens e Mulheres simplesmente

Que dessa condição nada extraem senão a fuga de viver!

 

O sol, esse, já se distância do ofício

E a sombra trás a falsa verdade esquecida no tempo.

Mas que viver este de fastio e rotina?

Quando o amanhã anuncia pouco mais do mesmo emprego!

 

A escuridão desperta num ápice...

E o encoberto aponta para o percurso já trilhado pelo amanhã.

Homens e Mulheres capazes de dignos feitos

Vão sendo calejados pela cegueira do voltar a “ter que Ser”! 

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