Que me queima por dentro e me faz acreditar:
No dia em que souber que o meu mundo acabou
Vou soprar-te esta verdade e perguntar-te quem eu sou.
«Na madrugada em que, por um acaso, nos encontramos à beira rio, soube nos teus olhos que tinhas o mesmo segredo.
O teu grito era o meu grito.»
Entre passos de fantasma e restolhar de alucinação,
Pergunto-me se me segues enquanto corro na escuridão.
Se és a droga que me inebria e o dedo do destino,
Prende-te à minha loucura e corre no desatino...
«... comigo.
Seremos loucos e sozinhos.»
Passos acelerados: daqui à morte, uma pulsação!
Elevemo-nos na noite e façamo-nos turbilhão.
Beija-me, agora que morro, antes que te tenha tempo de te soprar
A verdade de que sou feita e antes que te possa perguntar...
...Quem sou eu?
«Deitámo-nos lado a lado e existimos, ao mesmo tempo, no coração do mundo.
Fomos a Meia-Noite do dia seguinte que nunca nasceu.»
Somos o mesmo, tu e eu.
A linha do horizonte.
Céu e Mar que se tocam.
Somos o arrepio gelado numa madrugada de Verão.
O último sonho da manhã.
O silêncio da cidade na hora de ponta.
Somos os anos.
O bater do coração de um morto.
O estagnar das horas.
Somos o cigarro que nunca se acende.
O preto.
O branco.
Somos cinzento.
A memória.
Eternos e efémeros.
Somos para sempre até ao momento em que para sempre paramos de ser.
E acalmamos o grito. E abraçamos o nada.
E fomos.
1 comentário:
Excelente registo.
5*
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