É com dentes cerrados e olhos contentes que mordo, baixinho, a vossa brandura:
A classe com que se movem nos recantos escuros dos corredores que intrincam o meu peito, sibilando beijos à minha raiva, batendo o pé ao compasso da minha indiferença...
E é tão mais fácil ser como vós, não é?
Não é?
E é tão mais fácil ser como vós, não é?
Não é?
Não é.
E soubessem vocês que eu hoje não me movo, mas levito sobre o chão;
Que não me perco em noites escuras, porque corro em dias eternos;
Que não grito ternuras à distância, porque a ataco no silêncio que a sufoca;
E que não bato o pé, mas danço, danço, danço sem vos tocar nos ombros,
sem vos pisar os sonhos,
sem vos roubar esperanças.
E tudo porque eu sei que, ao meu ritmo, nenhum de vós se move.
Que não grito ternuras à distância, porque a ataco no silêncio que a sufoca;
E que não bato o pé, mas danço, danço, danço sem vos tocar nos ombros,
sem vos pisar os sonhos,
sem vos roubar esperanças.
E tudo porque eu sei que, ao meu ritmo, nenhum de vós se move.
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"Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali..."
-Cântigo Negro-
José Régio
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