segunda-feira, 21 de janeiro de 2008

Suicídio

Agora que a luz se apaga, fecho, determinada, os olhos.
Agora que o fim chega, já não há mais lugar para a esperança.
O cheiro do mundo permanece, intenso, entre os meus sonhos…
Eu protesto, já sem vida, contra o ácido da lembrança.


«Sempre pensei que iria ser diferente …O sofrimento não fazia parte dos meus planos.»


Eu, que banhada, um dia, em puro ouro de ilusões,
Escondo, agora, a cara entre vultos escuros e turbulentos;
Apago da memória todos os olhares e recordações…
E caminho entre sombras afiadas e rostos desatentos.


«Uma luz no fundo do túnel? …Nem sempre.»


Fraca, por não tentar, deixo-me cair na terra espessa.
Ofuscada, de olhos abertos, por brilhos de origem perigosa.
O abismo, ao longe, aproxima-se mais depressa…
Uma desilusão, uma queda, uma morte vertiginosa.


«Não estou a ser sincera…na verdade nunca pensei que iria ser feliz…»



O silêncio que ensurdecia agora é-me necessário.
A luz que cegava traz-me o espírito absorto.
Aqui, debaixo da terra, tudo é mais simples e mais claro.
Hoje, debaixo da terra, a vida é melhor por se estar morto…


«…de livre vontade. Sempre soube que acabaria assim.»

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