Pergunto-te:
Consegues ver-me?
Os meus olhos que te perseguem quando caminhas no lado errado da estrada;
Que percorrem a tua nuca e se prendem no sorriso que nunca esboças;
Que te murmuram o que os lábios calam, mesmo quando o ruído de fundo o esmagaria com banalidades de almas errantes.
«Condenadas ao quotidiano…»
Consegues senti-las?
As minhas mãos que se enlaçam nas tuas quando meia cidade nos separa;
Que contornam o teu rosto quando te espantas com o mundo;
Que ousam amar-te como as palavras não conseguem e te sussurram como os lábios selados desejam fazê-lo.
«O sublime de um toque demorado…»
Consegues ouvi-los?
Os meus lamentos que ecoam naquela avenida que esquecemos o nome;
Que batem às portas em busca do consolo de alguém que também ame um mero sonho;
Que te gritam baixinho e que, mesmo quando dormes um sono solto e leve, nunca te acordam.
«Murmúrios acutilantes sem destino…»
Sento-me aqui e penso no sentido de todas estas coisas. Calo-me. Para quê falar? Se tudo o que te consigo dizer é dialecto de parte nenhuma. Fecho os olhos. Para quê ver? Miscelânea de vultos tenebrosos que me cercam de todos os lados. Volto costas. Não quero ouvir. Porque o que tens para me dizer não responde às minhas perguntas.
Pára.
Pára de caminhar no lado errado da estrada.
Pára de não esboçar aquele sorriso.
Não te espantes com o mundo.
Não enlaces as minhas mãos de volta.
Lembra-te do nome daquela avenida.
Sê mero sonho de outra pessoa.
Dorme para sempre.
Não me vejas.
Não me oiças.
Não me ames.
E se um dia te voltar a perguntar,
Não me respondas.
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Ao som dos meus conterrâneos Hands on Approach, Tão perto e tão longe.
1 comentário:
amo..
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